quinta-feira, 6 de maio de 2010

procura-se vivo ou morto: joão do carrião!


Este arruamento, sito na Freguesia de S. José, conforme refere Pastor de Macedo, em Lisboa de Lés a Lés: “ Diz G. de B: A rua do Carrião era das mais antigas da freguesia, devendo o nome ao apelido de família abastada, estabelecida por esses sítios talvez desde meados do século XVII. Um João de Carrião, acaso o que denominou a rua, deixou certas obrigações de missas à irmandade do Santíssimo da paróquia. Bárbara de Carrião, sua descendente, ou sua viúva talvez, instituiu também duas missas de esmola de 100$00réis.
Quanto à época da fixação da família naquelas paragens, a notícia mais antiga que por enquanto encontramos, é do ano 1615; quanto ao Carrião que deu o nome à rua não nos podemos pronunciar com conhecimento seguro, mas sempre diremos alguma coisa.
O João de Carrião de que nos fala G. de B. foi por este encontrado no Mapa de Portugal do Padre Castro. É nessa obra que se fala na Bárbara e no João de Carrião e nas obrigações de missas por eles deixadas, mas sem que se indiquem as datas em que os legados foram feitos, e portanto dificultando a identificação do instrutor da capela na igreja de S. José de Entre-as-Hortas, visto encontrarmos vários Carriões com o nome de João que viveram antes de Baptista de Castro ter composto o seu Mapa. Vamos lá desfiar o que sabemos: O primeiro Carrião que topamos morando na freguesia de S. José chamava-se João - João de Carrião - e estava já casado com Maria Luís de Cantanheda, de quem teve os seguintes filhos, todos nascidos e baptizados na mesma freguesia: (...) Carrião Ferrão; (deve ser esta a do legado das missas); (...) Ora como o leitor viu, houve nada menos de três Carriões que tiveram o nome de João, e que qualquer deles poderia sido o instituidor da capela. Como saber qual deles foi? Só o arquivo da irmandade do Santíssimo da paroquial de S. José nos poderá elucidar, caso existam ainda os documentos respeitantes àquela instituição. Entretanto, enquanto a certeza não chega, inclinamo-nos a que o instituidor da capela tivesse sido o 2º. João de Carrião, e isto por que (sabemos que é fraca a base da hipótese) o vemos muito chegado à paroquial; é no seu adro que tem o seu carneiro, e é defronte do seu edifício que tem as suas casas.
Mas teria sido o João de Carrião instituidor da capela, que teria dado o nome à rua que ostenta hoje o seu apelido, " acaso o que denominou a rua", como diz G. de B.? Poderíamos ser elucidados pelos registos de óbito da freguesia, mas estes, como já dissemos, não vão além de Julho de 1666, pelo que ficamos sem saber quando é que a rua começou a ter o nome de Carrião, e portanto a qual dos desta família se poderia atribuir a influência na denominação da artéria.
Lembramos no entanto que o varão desta família que usufruiu melhor posição - que saibamos - foi o citado sargento-mor Manuel Carrião, justamente o que sabemos ter morado, segundo o seu registo de óbito, na Rua do Carrião.
A primeira vez que a rua nos aparece com este nome é em 1668.
Nesta rua, no n.º. 47, morava em 1888 Manuel Joaquim Pinto, o agressor de Pinheiro Chagas por causa dum artigo que este escreveu a respeito da socialista Luísa Michel. A agressão deu-se próximo do edifício das Cortes. Para onde Pinheiro Chagas se dirigia, na tarde de 7 de Fevereiro de 1888. (...)”